Como já foi
publicado aqui no blog em fevereiro de 2018, cada vez mais se busca um valor
baixo de IRI (índice de irregularidade longitudinal) na construção e manutenção
de rodovias. Porém muitas vezes não se consegue atingir um valor razoável de
IRI na execução da pavimentação asfáltica em função das irregularidades
existentes nas camadas de base. Quanto mais problemas existem nas camadas de base,
mais difícil fica a correção durante a aplicação da capa asfáltica de
rolamento. Por esta razão é importante construir as camadas de base do
pavimento já com o nivelamento longitudinal e transversal adequado.
Uma solução já
utilizada amplamente em outros países é a mudança no procedimento de aplicação
dos materiais que constituem as camadas estruturais do pavimento. As pavimentadoras
/ vibroacabadoras de asfalto podem aplicar camadas granulares de base além da
própria aplicação asfáltica. Porém esta aplicação do equipamento ainda é muito
pouco utilizada no Brasil em função do desconhecimento, das dúvidas quanto ao
correto uso e sobre o nível de desgaste que o equipamento sofre.
As camadas
granulares da estrutura do pavimento rodoviário são espalhadas por equipamentos
de movimentação de terra tais como trator de esteira e motoniveladora.
Entretanto o uso destas máquinas exigem várias passadas do equipamento até
atingir a espessura de lançamento do material. Não há garantias de que a
espessura esteja 100% nivelada, por melhor e mais moderno que seja o
equipamento e por mais experiente que seja o operador. Estes equipamentos
utilizam pás para arrastar o material, sem um controle volumétrico para lançar
uma espessura definida.
Motoniveladora
espalhando brita graduada com cimento, cujo procedimento é o mais utilizado em obras.
Camadas de
sub-base que utilizam material de alta granulometria (exemplos: rachão,
macadame hidráulico, etc) não podem ser aplicadas pela vibroacabadora. Neste caso
se utiliza o trator de esteiras. Já materiais de base de menor granulometria
podem ser perfeitamente aplicados pela pavimentadora. Materiais como BGS (brita
graduada simples) e BGTC (brita graduada tratada com cimento) podem ser
colocados na pista de forma rápida e fácil. A regra prática é que o maior
agregado deve ter tamanho máximo de aproximadamente 30% em relação à espessura
da camada. Ou seja, para uma camada de 15 centímetros deve ser utilizado
agregados com no máximo 5 centímetros de granulometria.
Vibroacabadora
de asfalto aplicando BGTC.
Este
procedimento de aplicação dos materiais granulares na pista pode gerar um
substancial aumento na produção da obra. Em uma única passada o equipamento
aplica o material na espessura correta, sem a necessidade de passadas
adicionais para atingir a espessura adequada. E o material já recebe uma
pré-compactação. As bordas da camada aplicada são bem regularizadas, evitando o
desperdício de material além da largura de projeto. Este custo extra muitas
vezes não é devidamente mensurado nas obras, reduzindo o retorno financeiro do
projeto. Com os equipamentos de movimentação de terra é muito difícil obter uma
borda 100% regularizada na largura de projeto.
Benefícios da
aplicação.
O uso de
sistema de nivelamento eletrônico na vibroacabadora desde o lançamento das camadas
granulares de base garante a alta precisão na regularidade longitudinal do
pavimento. A mesa compactadora é fixada lateralmente ao chassi do equipamento
através de braços de apoio. Durante a sua locomoção o material passa por
debaixo da mesa, cujo peso e regulagem do ângulo de ataque definem a espessura
de lançamento. Este comportamento já provoca um efeito autonivelante,
compensando pequenas irregularidades existentes. Porém para obter um ótimo
valor de IRI é preciso utilizar o sistema de nivelamento eletrônico, cujos
sensores guiarão o comportamento da mesa compactadora independente de haver
irregularidades no solo. Ao utilizar estes sensores na aplicação da camada
granular de base haverá pouquíssimas irregularidades a serem corrigidas na
aplicação do CBUQ (concreto betuminoso usinado a quente), garantindo assim uma
alta qualidade em relação à regularidade longitudinal. Existem diversas opções
de sensores, desde um esqui de contato de 30 centímetros até uma régua com mais
de 6 metros. Quanto maior a leitura da referência lateral melhor será a
compensação das irregularidades existentes.
Quando
ocorre a aplicação de uma mistura asfáltica, a própria composição do CBUQ (concreto
betuminoso usinado a quente) protege o equipamento. O CAP (cimento asfáltico de
petróleo) acaba provocando um efeito de lubrificação, amenizando desgastes na
vibroacabadora. Já na aplicação de misturas granulares de base este efeito
lubrificante não ocorre, e assim há maior desgaste do equipamento.
Principalmente quando há o uso de BGTC, pois o cimento é altamente abrasivo.
Para estas aplicações é necessário ter muito cuidado em relação à limpeza
diária do equipamento e monitoramento constante das peças de desgaste, que
estão localizadas em todo o percurso que o material faz desde o silo de
entrada, passando pelas correias transportadoras e distribuidor helicoidal até
a mesa compactadora. Alguns fabricantes de equipamentos oferecem como opcional
uma mesa com kit heavy duty, ou seja,
uma mesa compactadora preparada com peças de maior resistência ao desgaste
justamente para a aplicação de materiais granulares de base.
Camadas
granulares de base apresentam espessuras muito superiores em relação às camadas
asfálticas, geralmente com espessuras de 20 a 30 centímetros. Ou seja, a
vibroacabadora necessita de mais força para aplicá-las. Desta maneira a
recomendação é que se utilize vibroacabadoras com locomoção sobre esteiras, e
não sobre pneus, em função de ter maior força de tração devido à maior área de
contato com o solo.
Lançamento do
material granular de base.
Compactação de camada de BGTC.
Limpeza diária e inspeções de desgaste são de fundamental importância para manter o equipamento em boas condições de trabalho.