Operações tapa-buracos são comuns em
todo Brasil, independentemente do tipo de obra. Seja em uma via urbana ou em
uma rodovia, é disseminada a cultura de “jogar asfalto” no buraco e considerar
isto como um trabalho de recuperação da pista. No entanto, trata-se de um
grande erro e omissão por parte do poder público responsável. O tapa-buraco é
uma medida emergencial e não resolve os problemas estruturais do pavimento. Um
tapa-buraco após o outro transforma a via em uma desconfortável e insegura colcha de
retalhos.
As primeiras patologias que surgem em
um pavimento asfáltico são trincas e fissuras. Se não há manutenção preventiva
ocorre a evolução da degradação. As trincas crescem com a ação das forças do
tráfego e com a penetração de água, se unindo umas às outras. Logo, há o
“nascimento” de um belo buraco.
Quando surgem buracos significa que o
pavimento já está bem comprometido. Embora sejam impossíveis de serem
visualizadas, há uma teia de inúmeras trincas e fissuras conectadas ao buraco,
conforme ilustração acima.
Não há recuperação de pavimento ao
simplesmente tapar o buraco adicionando material novo, com uma aplicação
precária e uma compactação ineficiente. O pavimento asfáltico tem vida útil de 10
a 15 anos se for bem produzido e bem aplicado. Nas cidades brasileiras muitas
vezes não duram mais do que duas ou três chuvas.
Os problemas já acontecem no início
de sua vida útil: produção inadequada de um material de má-qualidade, erros na
aplicação e compactação. Isto tudo resulta em um pavimento ruim desde sua
implantação. Com o passar do tempo e o desgaste natural que ocorre, há o
surgimento das patologias. Que nestes casos surgem muito mais rápido. E aí
então sucedem-se as operações tapa-buraco, deixando as nossas ruas com uma péssima qualidade de pavimentação.
Vejam a foto abaixo, da rua Gomes de
Freitas, localizada na Zona Norte de Porto Alegre. Uma via onde trafegam ônibus
de linha da prefeitura durante todo o dia. Mesmo assim, observamos inúmeros defeitos
no pavimento:
1)
Construído
sobre paralelepípedos antigos (o que é um erro, conforme já foi postado aqui);
2)
A
camada de rolamento não parece ter sido adequadamente dimensionada;
3)
Com
o tráfego dos ônibus, surgiram as patologias. Os buracos foram tapados um após
o outro, sem a remoção completa da camada;
4)
Ao
lado de buracos recém tapados há inúmeras trincas em blocos, uma clara
evidência que nas próximas chuvas surgirão novos buracos.
Outro mau exemplo de recuperação de
pavimentos foi o realizado na rodoviária de Porto Alegre. Com o asfalto muito
comprometido após anos de tráfego intenso de ônibus e muita reclamação por
parte dos usuários em função dos buracos, a solução técnica (?) foi
simplesmente jogar asfalto com uma pá sobre os buracos, compactando de forma
precária.
O ideal é que haja um programa de
gerenciamento da manutenção dos pavimentos. Aplicando o microrevestimento ou
executando a fresagem e a substituição de parte da camada asfáltica em ruas e
avenidas com alto tráfego quando surgirem as primeiras patologias. Intervenções
localizadas podem ser feitas, desde que a panela ou o buraco sejam recortados
através da fresagem. Na sequência aplica-se a pintura de ligação (geralmente
omitida), a aplicação e a compactação adequada do novo material asfáltico.
Importante também é nivelar ao pavimento existente, para que não haja irregularidades
na via.
Fresagem Asfáltica do trecho deteriorado
Pintura de Ligação no reparo localizado
Nova pavimentação com aplicação da Vibroacabadora de Asfalto e Rolos
Em casos emergenciais é preciso tapar
os buracos, visando permitir condições mínimas de trafegabilidade. O problema é
quando esta prática se torna uma solução em definitivo. Simplesmente jogar
material nos buracos não é solução de engenharia. Também não é a forma mais
correta de gastar verbas públicas.