As empresas do setor de pavimentação
investem milhões em maquinários para a execução das obras, mas continuam cometendo
falhas na hora de selecionar e treinar os operadores. Os resultados são
prejuízos financeiros, atrasos de cronograma e comprometimento da qualidade da
obra.
Um operador preparado e bem treinado
garante um resultado de qualidade e a preservação física do equipamento. É
comum ver muitos erros de aplicação em função da falta de treinamento e
qualificação dos operadores de maquinário.
Rolos Compactadores de Solos: é a etapa em que geralmente há menos cuidado em relação ao
trabalho. É também onde os operadores recebem a primeira oportunidade de operar
um equipamento, sendo a porta de entrada para galgar posições em equipamentos
mais complexos.
Entre os erros mais comuns, o
principal é a falta de controle no número de passadas. A presença de um
encarregado de terraplenagem e de um engenheiro de obra para orientar e
supervisionar é fundamental. O excesso de passadas, conhecido também como
sobrecompactação ou supercompactação, além de gerar a descompactação do solo
pode também danificar fisicamente o rolo. Quando o solo atinge sua densidade
máxima, todo o impacto que o rolo vibratório executa sobre o solo acaba
retornando ao próprio equipamento. Um rolo de 11 toneladas chega a mais de
30.000 kgf de impacto dinâmico durante o modo vibratório. Se o solo já está com
sua compactação máxima atingida, todo este impacto retorna ao cilindro.
Rolos Compactadores de Asfalto: assim como nos rolos de solos, muitas vezes operadores sem
experiência e treinamento são colocados para esta função. Na etapa de
compactação asfáltica, com rolos lisos duplo tandem e rolos de pneus, a
responsabilidade do operador é maior ainda em função de que esta etapa
representa a finalização e o acabamento final da pavimentação. Erros cometidos
podem comprometer todas as etapas anteriores, por mais bem feitas que tenham
sido executadas.
A falha mais comum é executar uma
junta asfáltica no modo vibratório. A mistura asfáltica a quente é compactada
junto a uma faixa asfáltica já fria. Ao passar o cilindro liso no modo
vibratório sobre a parte fria, o impacto gera a quebra de agregados a o
surgimento das primeiras fissuras no pavimento.
Sobre a sequência recomendada para compactação de camadas asfálticas,
clique aqui.
Outra falha também é a falta de
controle da pressão do rolo de pneus que compromete a compactação e o
acabamento, conforme já vimos aqui no blog..
Fresadoras de Asfalto: a operação da fresadora é teoricamente simples. Basta descer o cilindro
de corte até a profundidade desejada e locomover o equipamento para a frente,
executando assim a remoção do pavimento. Porém, há uma série de cuidados que
devem ser seguidos.
Ter um comportamento suave com a
máquina é pré-requisito básico, evitando impactos e solavancos. Velocidades de
execução variam conforme o modelo e porte da fresadora, e devem ser obedecidos.
Acionamentos principais e modo de operar também variam conforme o modelo, que
se dividem entre máquinas de pneus de pequeno porte com descarga traseira ou
máquinas de esteiras de grande porte e descarga frontal.
Evitar a colisão do cilindro fresador
com obstáculos existentes também é responsabilidade do operador. Auxiliares
devem ajudar a evitar estas colisões ao verificar a condição da pista. É muito
comum em cidades do Brasil tampões de ferro que foram tapados com asfalto. Por
esta razão é altamente recomendado utilizar detectores de metal. Um cilindro ao
colidir contra um obstáculo pode ter os bits e até mesmo os porta-bits
seriamente danificados.
A colisão da esteira de descarga com
o caminhão de coleta de material também é muito comum. O operador deve estar
atento para alertar o motorista do caminhão, em caso de fresadoras com descarga
traseira onde o caminhão necessita se locomover em marcha a ré.
A limpeza diária é necessária. O
cilindro sujo reduz a produtividade da máquina, limitando o transporte do
material fresado. O porta-bit sujo pode emperrar o livre giro do bit, provocando
seu desgaste precoce. O bit com giro livre sofre um desgaste homogêneo,
enquanto o bit emperrado desgasta rapidamente o lado que está em contato com o
material da camada que está sendo fresada.
Pavimentadora de Asfalto:
Etapa muito importante da
pavimentação, onde deve haver o máximo de cuidado com o material asfáltico
recebido durante a sua aplicação na pista. Ao contrário dos demais
equipamentos, não basta apenas um único operador. É necessário também um
auxiliar que trabalhe na mesa compactadora e um encarregado de pavimentação
para supervisionar o serviço.
A pavimentadora, ou vibroacabadora,
tem uma série de funções e acionamentos básicos que precisam ser aprendidas
pelo seu operador. Portanto, a escolha para a função precisa ser bem acertada.
Ideal é que seja um profissional já com experiência na função. Para os novatos,
é essencial que haja treinamento prévio e acompanhamento de um profissional
mais experiente.
O fluxo de recebimento e aplicação
deve ser o mais constante possível. Embora dependa da logística de recebimento
de material asfáltico por caminhões, o operador deve evitar ao máximo as
paradas durante a execução. O operador precisa garantir que a locomoção esteja
avançando em linha reta e que o fluxo de material alimente continuamente a
mesa, enquanto o auxiliar e o encarregado controlam a mesa compactadora em
relação a espessura e largura de pavimentação.
Segregação de material pode ocorrer
se o silo frontal de recebimento não alimentar de maneira correta a correia
transportadora. Se houver acúmulo de material na parede do silo, o material
pode resfriar e posteriormente segregar, afetando assim a qualidade da
pavimentação.
Recicladoras de Asfalto:
O trabalho de uma Recicladora em
estabilização de solos eu reciclagem de pavimentos asfálticos é teoricamente
simples. Basta descer o cilindro de corte até a profundidade de trabalho
desejada e avançar com a máquina. No entanto, há uma série de cuidados que
necessitam de um operador minimamente qualificado. As Recicladoras são máquinas
modernas e versáteis, com inúmeros recursos e controladas através de um display
eletrônico.
Em estabilização de solos, o controle
da umidade é muito importante. Indicado por um laboratorista que analisa o solo
da obra, o operador deve controlar a quantidade de água adicionada. A velocidade
de avanço precisa ser ajustada, o que varia de acordo com a característica do
material e de sua umidade. É preciso estar atento a obstáculos como pedras e
pedaços de madeira.
Em reciclagem de pavimentos
asfálticos é preciso ter os mesmos cuidados que os operadores de fresadoras. Em
aplicações mais complexas, com o uso de espuma de asfalto, é obrigatório ter o
treinamento para a execução das funções de acionamento do processo de formação
de espuma através de uma barra espargidora especial.
Usinas de Asfalto:
Por ser um equipamento complexo,
formado por conjuntos mecânicos e eletrônicos, a Usina de Asfalto exige o
controle de inúmeros processos simultaneamente. Desde a entrada dos agregados,
controle e seleção de umidade, funcionamento e controle dos subsistemas de
dosagem e secagem dos agregados, mistura dos agregados com o ligante asfáltico,
filtragem dos gases, controle de temperatura, estocagem de combustível e
ligante asfáltico, etc.
A correta proporção entre agregados e
o ligante asfáltico é vital para a qualidade final do produto. Portanto, todo o
processo de produção de misturas asfálticas precisa ter um controle adequado. Qualquer
alteração mínima na dosagem implica na descaracterização de todas as
propriedades volumétricas e mecânicas previstas no projeto de determinada
mistura asfáltica. A interrupção constante da produção também afeta a qualidade
final do produto.
Cabe ao operador ter o treinamento e
a qualificação necessária para exercer o controle de todo o processo de
produção. Embora as usinas tenham sido modernizadas, com controle através de
uma tela interativa que mostra de maneira dinâmica todos os processos, a
preparação através de treinamentos é fundamental para interpretar os dados,
manter constante a produção e saber agir quando algum alerta é emitido.