O pavimento rodoviário se classifica
basicamente em dois tipos: rígidos (concreto) e flexível (asfalto).
Pavimentos flexíveis em sua maioria são
associados às misturas asfálticas compostas basicamente de agregados e ligantes
asfálticos. Na maioria dos países a pavimentação asfáltica é a principal forma
de revestimento. No Brasil, mais de 95% das estradas foram pavimentadas com
material asfáltico. São diversas as razões para o uso intensivo do asfalto em
pavimentação. O concreto asfáltico proporciona forte união dos agregados,
permite flexibilidade controlável, é impermeável, de fácil aplicação e manuseio
quando aquecido. Permite amplas combinações com outros materiais, tais como
asfalto borracha de pneus moídos, asfalto com polímero, reutilização de
material fresado na produção de CBUQ, misturas mornas (WMA), entre outras
inúmeras aplicações que trazem grande versatilidade na utilização desta opção.
Já o pavimento rígido é associado ao
concreto de cimento Portland, sendo um revestimento feito de placas de concreto
que podem ser armadas ou não com barras de aço, apoiada geralmente sobre uma
sub-base de material granular ou de material estabilizado com cimento. A
espessura é fixada em função da resistência à flexão das placas de concreto e
das resistências das camadas subjacentes.
As vantagens da pavimentação em
concreto é a grande resistência a deformações, distribuição eficaz das tensões,
maior resistência à abrasão, alta aderência do pneu, ótima refletividade (ideal
para condução noturna), alta taxa de segurança (menor risco de aquaplanagem,
por ter melhor aderência) e alta vida útil, sendo de aproximadamente 30 anos,
mais que o dobro do pavimento asfáltico. O pavimento rígido em concreto também
sofrerá menos intervenções de manutenção ao longo de sua vida útil.
O pavimento rígido em concreto é
recomendado para vias de tráfego pesado e corredores de ônibus (BRT). A sua
construção apresenta um custo maior em comparação ao asfalto. O valor não é
preciso devido a grande variedade de tipos de concreto asfáltico e os valores
dos insumos por região, no entanto considera-se em média o custo do pavimento
de concreto 30% maior em relação ao pavimento asfáltico. Embora o custo seja
maior, o pavimento em concreto resistirá por um tempo muito maior, praticamente
sem precisar de manutenção. Evitam-se patologias comuns em pavimentos
asfálticos com alto tráfego, como as trilhas de rodas e escorregamentos
laterais. Um exemplo é a foto abaixo, tirada em um corredor de ônibus em Porto
Alegre.
É preciso que a aplicação do
pavimento rígido seja bem executada. Alguns projetos no Brasil tiveram grandes
problemas na execução e também na concepção do projeto, por desconhecimento
técnico por parte dos projetistas e das empreiteiras. Um exemplo é o Contorno
Sul de Curitiba, cujos defeitos foram maquiados com a pavimentação de uma
camada asfáltica sobre a camada de concreto. Em pavimentação de concreto, os
erros na obra aparecem rapidamente e o retrabalho tem um custo muito maior em
relação aos pavimentos asfálticos.
O assunto da próxima postagem será sobre pavimentadoras de concreto, suas aplicações e tecnologias.
O assunto da próxima postagem será sobre pavimentadoras de concreto, suas aplicações e tecnologias.
Juliano, aqui no Brasil já foram construídas estradas utilizando o pneu reciclado como matéria prima? O que você acha da ideia? Quais as vantagens e desvantagens? Na sua opinião, qual dos três materiais é mais recomendado para estradas onde o tráfego de caminhões e intenso?
ResponderExcluirAchei seu blog muito interessante. Ficarei grata se puder sanar minhas duvidas, sou estudante de engenharia civil e estou fazendo um trabalho a respeito.
Olá Sabrina,
ResponderExcluirNo Brasil já é comum a aplicação de pneus para a produção de uma mistura asfalto-borracha. Mas ainda não existe um número expressivo de projetos em andamento.
O pneu é triturado e a borracha em formato de pó é adicionada ao ligante asfáltico (CAP), no tanque de armazenamento da Usina. O tanque precisa ser dotado de agitadores especiais para executar a mistura e um sistema de recirculação, pois a viscosidade aumenta.
O grande objetivo do asfalto borracha é dar finalidade a pneus velhos de automóveis, que geram um grande passivo ambiental. Mas a sua aplicação também gera melhorias técnicas ao asfalto pois temos uma mistura asfáltica de melhor adesividade entre agregados minerais e ligante, com maior elasticidade da camada quando fria, menos sensível a variações de temperatura, com envelhecimento mais lento e com menos reflexão de trincas. Recomenda-se utilizar em misturas asfálticas especiais onde haja maior presença de vazios.
No Estado do RJ foi aplicado asfalto borracha em alguns trechos da rodovia RJ-122, eu visitei esta obra e a Usina de Asfalto foi customizada especialmente para receber esta aplicação.
Neste link tem maiores informações: http://www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas/11/artigo245173-1.asp
Este tema pode ser em breve um tópico a ser postado aqui no Blog :)
olá, voce utilizou de alguma bibliografia para fazer esse post? eu precisava muito de um livro sobre o assunto. obrigada!
ResponderExcluirOlá Letícia.
ExcluirJá li em algumas dissertações de mestrado referências sobre características básicas do pavimento rígido e flexível. Por exemplo, o tempo de vida útil de 10 anos para asfalto e 30 para concreto é frequentemente utilizado em congressos internacionais do setor de pavimentação.
Você precisa de alguma informação específica? Fico a disposição.
Abraços
Olá Juliano, sempre preferi o concreto, mas tinha dúvidas quanto à aderência, mas vc confirma que o concreto possui ótima aderência, o que reforça minha preferência!
ExcluirConcreto, sem dúvidas. Amplamente utilizado em países com longa malha rodoviária, como EUA por ex..
ResponderExcluirAqui a RS118 durou 30anos, feita com camada de areia sob o concreto. Hj infelizmente está bastante degradada, mas provou a sua durabilidade.
Concreto armado e uma boa sub base é o ideal, em vias onde se exigem mais da via.
Concreto é uma excelente alternativa, embora o custo seja superior ao do asfalto. No Brasil temos ainda outro problema. A falta de know-how na aplicação, o que gera problemas de execução e consequentemente uma via com qualidade inferior ao projeto. O custo de manutenção em um pavimento de concreto é também superior ao do pavimento asfáltico, e mais complicado de ser executado.
ExcluirPara vias de alto volume de tráfego, com muitos veículos pesados circulando, eu concordo que o concreto é a melhor alternativa. Mas é preciso ter muito cuidado em relação a execução, com a devida fiscalização (este, um problema crônico no Brasil).
Se utilizado concreto rígido em uma cidade em corredor de ônibus, certamente o custo da planilha destes ônibus teria uma diminuição quando referirmos pneus, carcaça, combustível, etc... ? Poderia ter uma redução na tarifa para os usuários deste transporte ?
ResponderExcluirOlá Mauro. Certamente um corredor de ônibus em perfeitas condições resultará em um menor desgaste e menor manutenção dos ônibus. A planilha de custos das empresas que prestam serviço sempre é uma caixa-preta, ao menos aqui em Porto Alegre onde a passagem é relativamente alta e o serviço prestado é péssimo. Sem contar os corredores em ruínas em alguns trechos.
ResponderExcluirTecnicamente, o concreto é o ideal para corredores de ônibus pelo fato de ter muito mais resistência. Um veículo pesado ao trafegar em uma camada de asfalto mal dimensionada e mal executada acaba resultando em trilha de rodas, escorregamentos e demais deformidades da massa asfáltica.
Olá Juliano, muito boa a sua abordagem, estou me formando no ano corrente em engenharia civil, e esta área de pavimentação rígida me encanta, tive contato com algumas pessoas que já moraram em cidades que só havia este tipo de pavimento e me fizeram acreditar num futuro "melhor" pro Brasil. Estou atrás de materiais e incentivo para aprofundamento no assunto, vc tem algo pra me indicar? abrcs.
ResponderExcluirps: Muito bom seu blog.
Olá Juliano, gostei muito do seu blog. Gostaria de saber a respeito das bases de pavimentos feitas em concreto.
ResponderExcluirExcelente matéria !
ResponderExcluirOla Juliano, tudo bem? Existe a utilização de concreto armado na base e sub-base numa pavimentação asfáltico? Existe grandes vantagens econômicas em regiões com solo arenoso? Ja que o concreto puro implica em grandes gastos!
ResponderExcluirOla Juliano, tudo bem? Existe a utilização de concreto armado na base e sub-base numa pavimentação asfáltico? Existe grandes vantagens econômicas em regiões com solo arenoso? Ja que o concreto puro implica em grandes gastos!
ResponderExcluirOi Filipe. Sim, o concreto aumenta os custos. Não há necessidade da sua utilização como base ou sub-base de um asfalto. O que é utilizado algumas vezes são as bases granulares com algum teor de cimento, tais como o BGTC (brita graduada tratada com cimento) e o CCR (concreto compactado a rolo), e não uma camada de concreto armado com alto teor de cimento e estrutura de aço.
ExcluirA questão do dimensionamento depende dos materiais disponíveis na região, além do estudo do tráfego previsto. Há muitos estudos e aplicações realizadas de novos materiais, tais como o BSM (camada estabilizada com betume), que eu até postei um texto a respeito aqui no Blog.
Abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQual a espessura média para um pavimento de concreto e a resistência mínima para o mesmo?
ResponderExcluirBem legal. Estava buscando essa informação. Porém acredito q o custo pode ser igual se usar uma espessura inferior (nos casos d n ter q suportar grandes cargas).
ResponderExcluirBoa tarde! Minha pergunta é um pouco fora do tema mas gostaria de saber se posso utilizar uma massa de cimento sobre um terreiro de café pavimentado com lama asfáltica com o objetivo de repará-lo visto que se encontra com muitos buracos e rachaduras. Atenciosamente, Marcus Vinicius Leite.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirO correto seria fazer uma estabilização deste terreiro de café com o uso de uma estabilizadora & recicladora. E na sequência compactar. Se o terreiro de café não tem a devida capacidade de suporte para o peso das cargas que irão trafegar, é provável que a massa de cimento irá afundar. Assim o buraco pode voltar a aparecer. Qualquer dúvida me manda um email: julianogw@gmail.com
Excluirola voce sabe a taxa de permeabilidade desse piso?
ResponderExcluirOi. De qual piso você se refere, asfalto ou concreto? O concreto é impermeável, e o asfalto depende do tipo de granulometria que é utilizado. Existe até um tipo de mistura asfáltica chamada CPA (camada porosa de atrito) com granulometria descontínua para justamente promover o efeito permeável.
ExcluirQuais sao as melhorias pro futuro com o asfalto de polímero?
ResponderExcluirOlá Ronald. O polímero quando adicionado na mistura asfáltica torna o material mais elástico. A elasticidade é uma propriedade muito importante no pavimento asfáltico, uma vez que o asfalto é flexível. Mediante a passagem do tráfego pesado o pavimento sofre flexão, e precisa retornar a condição inicial. Com a adição de polímeros se aumenta essa capacidade elástica, e logo reduz a possibilidade de fadiga e aumenta a vida útil do pavimento.
ExcluirPosso lançar CBUQ em cima de placas de concreto?
ResponderExcluir