sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Recicladoras de Asfalto



Máquinas estabilizadoras de solos e recicladoras de pavimentos asfálticos que executam em uma só passada ambos os serviços. É possível trabalhar separadamente, realizando somente a estabilização ou a reciclagem do pavimento. A técnica da reciclagem a frio apresenta o melhor custo-benefício em termos de recuperação de pavimentos deteriorados, além de ser o de execução mais rápida também.
A técnica de reciclagem a frio é assim denominada devido ao processo ser realizado sem aquecimento do material asfáltico. No desenvolvimento das primeiras técnicas de reciclagem, na década de 70, havia a necessidade de promover o aquecimento para que o asfalto ficasse amolecido antes da mistura e homogeneização com outros materiais. O aprimoramento da técnica ocorreu com a concepção das máquinas recicladoras que permitem executar mecanicamente o corte, a mistura e a homogeneização do material.
O princípio de funcionamento é similar a de uma fresadora de asfalto, através de cilindro rotativo dotado de dentes de corte (bits) executando o serviço. A diferença é a concepção do cilindro. Em reciclagem, a distância entre os dentes de corte é maior e não há raspadores e correias para a remoção do material, que permanece no local. O equipamento realiza o corte a mistura do material existente com possibilidade de adição de agentes estabilizadores, tais como cal, cimento e espuma de asfalto.
A recicladora possui uma caixa de reciclagem onde um cilindro de corte, juntamente com barras espargidoras de água e asfalto, executa o processo. Caminhão de água e de ligante asfáltico são interligados com a recicladora através de entradas localizadas a frente do equipamento.


Em conjunto com o trabalho da recicladora, os chamados agentes estabilizadores são lançados sobre o solo ou pista para que seja misturado com o material reciclado. O agente mais utilizado no Brasil é o cimento, que é adicionado com o objetivo de aumentar a capacidade de suporte da camada reciclada. Também já existe no país a tecnologia da espuma de asfalto em reciclagem a frio, que ocorre através da mistura de ligante asfáltico, ar e água. O volume do ligante aumenta em mais de 15 vezes, cobrindo os agregados com uma fina película. É preciso configurar de fábrica o equipamento para executar tal serviço. A figura abaixo mostra detalhes da caixa de reciclagem equipada para o processo de espuma asfáltica, através da injeção de ligante asfáltico, ar e água por tubulações especiais.

 
A técnica da reciclagem a frio em rodovias já é bastante utilizada nas regiões sudeste, parte do nordeste e do centro-oeste. Infelizmente na região sul ainda é muito pouco aplicado, sendo esta região a que mais sofre com alterações climáticas que danificam o pavimento asfáltico ao longo do tempo. A técnica de reciclagem a frio apresenta diversas vantagens, tais como evitar a substituição do pavimento deteriorado, que envolveria uma grande demanda de transporte, poder reutilizar os materiais existentes e apresentar maior rapidez na execução do serviço. Segue abaixo um vídeo sobre recicladora trabalhando em estabilização de base.
                              
 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Fresadoras de Asfalto


É o equipamento utilizado para remoção de pavimentos asfálticos, através de corte e desbaste de uma ou mais camadas. O material extraído é de tamanho uniforme. A espessura de trabalho é pré-determinada, podendo ser instalado um sistema de nivelamento para correção de greide.
 
O princípio de funcionamento ocorre através do giro de um cilindro de corte no sentido contrário ao do deslocamento do equipamento. O cilindro é dotado de inúmeros dentes de corte de fácil troca (conhecidos como “bits”) que penetram na camada e executam o corte através do movimento rotativo do cilindro. O material é transportado através de uma correia para descarga em um caminhão.
 
De acordo com a literatura da Wirtgen, maior fabricante mundial de fresadoras de asfalto, a fresagem é dividida em três tipos: fresagem profunda, fresagem fina ou microfresagem. A diferença basicamente é a distância entre os dentes de corte e a profundidade de trabalho alcançada.
A fresagem profunda, ou padrão, apresenta um distanciamento de 15 mm entre os pontos de corte na largura de fresagem. A profundidade depende do porte da máquina. Uma fresadora de 1 metro de largura chega a 30 centímetros de profundidade. Este tipo de fresagem pode alcançar e remover as camadas inferiores do pavimento.
Já na fresagem fina a distância entre os dentes de corte é reduzida para 8 mm. Esta aplicação é sugerida em pequenas correções de deformações, tais como trilha de rodas, e correções de nivelamento longitudinal e transversal da pista. Pode ser utilizada também em melhoria de aderência do pavimento.
Na microfresagem a distância entre os bits é de apenas 6 mm e a profundidade máxima reduzida a apenas 5 centímetros. Este tipo de aplicação é recomendado para aumento de aderência da pista e remoção de sinalizações antigas, sendo liberada ao tráfego sem a necessidade de um novo recapeamento.
No Brasil, a ampla maioria dos equipamentos está configurada para fresagem profunda. Poucas empresas adquiriram fresadoras configuradas para aplicação em fresagem fina e microfresagem.
 
Ainda é muito comum no Brasil encontrar ruas e avenidas em que várias camadas de asfalto foram colocadas uma sobre as outras, tais como a foto abaixo tirada em Salvador em que o nível do asfalto está mais alto do que a calçada. Esta “solução” (?) não é recomendada devido à reflexão de trincas e deformações do asfalto danificado para a nova camada.
 
A fresagem apresenta elevada produtividade em relação aos métodos antigos de remoção, tais como escarificação ou remoção completa através de retroescavadeiras. Devido a uma extração de granulometria relativamente uniforme, o material asfáltico fresado (conhecido também como RAP, do inglês Recycled Asphalt Pavement) pode ser reutilizado em mistura a frio para camadas de base e também em produção de nova mistura asfáltica a quente. Sobre estes temas escreverei um tópico a parte.
Veja um vídeo completo sobre fresadoras de asfalto
 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Vibroacabadoras de Asfalto


A vibroacabadora (também chamada de pavimentadora de asfalto) é o equipamento que executa a aplicação, nivelamento e pré-compactação do concreto asfáltico em obras de pavimentação. É de fundamental importância o seu correto uso e um eficiente desempenho para a qualidade final do pavimento.

 
O concreto asfáltico, produzido em usina, é transportado por caminhões até a obra, onde é descarregado no silo de recebimento da vibroacabadora. A máquina tem potência suficiente para empurrar o caminhão durante o trabalho. O sistema rodante do equipamento pode ser de esteiras ou de pneus. Hoje, os modelos de pneus possuem tração o suficiente para empurrar caminhões e operar em aclives.
Após o recebimento do material asfáltico, este é transportado até a mesa compactadora através de correias. Um transportador helicoidal transversal, conhecido como caracol, faz o espalhamento do material em toda a largura de pavimentação.
A mesa compactadora tem a tarefa de pré-compactar e nivelar a camada asfáltica assentada. A mesa possui sistema de placas vibratórias aquecidas que executam esta etapa do processo. O aquecimento é realizado através de gás de cozinha ou resistências elétricas, dependendo de cada modelo de equipamento.
Algumas mesas compactadoras possuem o tamper, que é um dispositivo mecânico de sobe-e-desce posicionado em frente da placa vibratória para aumentar a eficiência do assentamento do material asfáltico, principalmente em camadas mais espessas.

 
Para auxiliar a mesa compactadora, deve-se utilizar sistemas de nivelamento. O princípio de funcionamento é um sensor, que através de um referencial externo transmite as informações para que a mesa execute a pavimentação de acordo com os parâmetros lidos. Os sistemas de nivelamento podem ser divididos em mecânicos, ultrassônicos ou a laser. Os mecânicos podem ainda ser subdivididos em sistema de apalpador mecânico (que faz a leitura de um referencial instalado pela equipe de topografia) ou esquis (que deslizam sobre a superfície já existente). São mecanismos de fácil instalação e simples operação.
No Brasil, infelizmente a grande maioria das obras de pavimentação não utilizam sistemas de nivelamento. O resultado são ruas e avenidas com imperfeições, que provocam desconforto e insegurança aos usuários e poças de água em dias de chuva, com perigo de aquaplanagem dos veículos.
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Usinas de Asfalto


Algo que tem me surpreendido nesses anos de trabalho é a constatação de que muitos envolvidos em obras de pavimentação conhecem pouco sobre usinas de asfalto.
A Usina de Asfalto pode ser considerada o coração das obras de pavimentação, já que é o equipamento que produz a mistura asfáltica para ser transportada a todos os locais de aplicação e canteiros de obras. Um bom desempenho depende de uma série de fatores tais como condições de armazenamento e transporte dos agregados, treinamento de mão-de-obra para operação, correta calibração da usina, entre outros.
Existem basicamente dois tipos de usinas de asfalto: as móveis de dosagem contínua de agregados, e as usinas fixas de dosagem descontínua. No Brasil, mais de 90% das usinas vendidas no país são do tipo móvel. Podemos classificar as usinas de asfalto também por outros quesitos, tais como processo de secagem (fluxo paralelo ou contrafluxo) e processo de mistura (interna ou externa ao tambor de secagem dos agregados), porém a classificação mais importante é em relação a dosagem dos agregados minerais.

USINAS MÓVEIS DE DOSAGEM CONTÍNUA




As usinas móveis possuem pesagem dinâmica individual de cada um dos agregados. Abaixo do silo de recebimento do material, há correias dosadoras com correções instantâneas de velocidade de acordo com o peso detectado por uma célula de carga. A dosagem ocorre de maneira simultânea entre todas as correias com os diferentes agregados.
Por exemplo, a fórmula determina que 21% do traço da mistura asfáltica seja de brita zero. O controlador da Usina vai manter uma velocidade proporcional entre as correias para que este valor seja mantido. Caso haja problema de alimentação e diminua a quantidade de agregados, a velocidade de cada correia é automaticamente diminuída para manter a mesma proporção entre diferentes agregados. Para que isto ocorra, é necessário todo um processo de calibração na entrega técnica da Usina.


USINAS FIXAS DE DOSAGEM DESCONTÍNUA
Já as usinas fixas possuem pesagem estática dos agregados. O carregamento dos mesmos também se dá por alimentação através de silos, porém as correias abaixo não possuem função de dosagem. Estas apenas transportam os agregados até o tambor de secagem. Na sequência, os agregados são transportados até o alto de uma torre, por onde caem a um conjunto de peneiras vibratórias. O deslocamento do material durante a dosagem se faz com auxílio da força da gravidade, sendo esta a origem da denominação Usina Gravimétrica.
Esta torre possui quatro compartimentos: zona de classificação com peneiras vibratórias, silos de dosagem, balança de pesagem e misturador. De acordo com a fórmula estabelecida para o traço do asfalto, a comporta de passagem de cada silo é aberta até que se atinja a porcentagem indicada para cada agregado. Esta porcentagem é detectada pelo silo balança, através da leitura do peso de cada tipo de agregado. Após a dosagem é adicionado o ligante asfáltico (CAP) ao misturador.


O processo de dosagem é descontínuo pois há interrupção do processo. Este ciclo de dosar, interromper a dosagem, misturar e descarregar o material asfáltico é conhecido como batelada. Embora seja o processo mais preciso, uma usina gravimétrica apresenta dificuldades logísticas para transporte e montagem. Cabe a cada empresa analisar os prós e contras antes de escolher qual é o modelo mais adequado para sua demanda.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Por melhorias na pavimentação

 
A presidente Dilma Roussef anunciou recentemente um pacotão de investimentos em infraestrutura. Mais de 40 bilhões de reais serão investidos em rodovias. Seria de comemorar se não ocorrer os típicos problemas brasileiros do setor: corrupção (sobrepreço de materiais na orçamentação), aditivos (por orçamentos mal feitos, na maioria das vezes), projeto mal elaborado e execução de péssima qualidade, com equipamentos defasados, operadores sem treinamento e engenheiros sem conhecimento técnico suficiente. Certamente se os problemas citados fossem eliminados (ou ao menos diminuídos), com esse mesmo montante investido poderia se executar mais obras e com qualidade superior.
Infelizmente, a pavimentação no Brasil é feita em toque de caixa e geralmente com interesses eleitoreiros. Não há estudo adequado do solo e do tráfego no local. É preciso projetar o tipo de pavimento adequado, preparar o solo e executar a pavimentação. Um dos erros mais comuns em pavimentação urbana é asfaltar sobre paralelepípedos (escreverei especialmente sobre este caso mais adiante). Já em construção de rodovias, muitas anomalias são oriundas de problemas nas camadas de base que refletem no pavimento acima, assim como também do mal uso das vibroacabadoras de asfalto e dos rolos compactadores. Em manutenção e reabilitação de rodovias é ainda pior, pois os famigerados tapa-buracos são executados de maneira precária e os remendos desnivelados se multiplicam, o que gera desconforto e falta de segurança ao usuário.
No blog vou compartilhar um pouco da minha experiência nestes anos como engenheiro de aplicação de equipamentos de pavimentação. Principalmente em relação a novas soluções e máquinas alemãs que introduzimos no Brasil e que estão sendo cada vez mais utilizadas em obras rodoviárias pelo país. Pretendo atualizar o Blog uma ou duas vezes por mês, dependendo da minha corrida agenda de viagens profissionais, trazendo informações e novidades sobre pavimentação.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Iniciando os trabalhos...


Depois de muitas sugestões estou criando o blog ASFALTO DE QUALIDADE para debater o assunto referente a pavimentação, construção e manutenção de rodovias. Por trabalhar na área nos últimos anos, acabei adquirindo o hábito de sair por ai analisando asfalto, qualidade de pavimentação e afins. Mesmo quando estou de férias, passeando em algum feriado ou até mesmo quando saio pra jantar e meu carro cai em algum desnivelamento de pista. Amigos, colegas de trabalho e até a namorada sugeriram que eu fizesse algo na Internet. Então, vamos começar o trabalho :)

     Como informação inicial, foi divulgado que no Brasil aproximadamente 90% das rodovias municipais, estaduais e federais não são pavimentadas. E das que estão asfaltadas, mais da metade precisa de intervenção imediata devido ao mau estado de conservação. Infelizmente nossa infra-estrutura é de nível de países subdesenvolvidos. Além da falta de investimento, boa parte dos serviços executados no Brasil são mal planejados, com erros de projeto, e pessimamente executados. Vamos abordá-los ao longo deste blog.