As técnicas de
aplicação de tratamento superficial e de micropavimento (chamado também de microrrevestimento)
são ótimas alternativas para a manutenção preventiva de pavimentos asfálticos. Mas
muitas vezes são usadas de forma inadequada, em condições onde a utilização não
é recomendada. Em função disto ambas as técnicas sofrem críticas, por
apresentarem falhas prematuras quando aplicadas sobre estruturas degradadas de
pavimentos cujas condições necessitam de algum outro tipo de intervenção.
Ambas as
técnicas são utilizadas em todo o mundo, apresentando ótimos resultados quando
executadas da maneira correta. Tanto o tratamento superficial quanto o
micropavimento não apresentam funções estruturais, então um projeto que
contemple o uso delas precisa checar se a camada abaixo está em condições de
promover o devido suporte estrutural.
A superfície
de um pavimento asfáltico sofre um desgaste natural com o tempo, devido às
variações climáticas e ao tráfego de veículos. Este desgaste pode provocar um alisamento
da superfície. Os agregados e o ligante asfáltico da capa de rolamento muitas
vezes também são arrancados em algumas partes, e assim surgem muitas pequenas
rachaduras superficiais. Há perda de aderência e a camada asfáltica tem diminuída
a sua característica impermeável.
Para remediar
este desgaste natural o tratamento superficial e o micropavimento são
alternativas de ótimo custo-benefício. Estas técnicas agregam uma proteção
impermeabilizante, protegendo a camada abaixo. Também aumentam a fricção
superficial, melhorando a resistência à derrapagem. E preenchem pequenas
trincas existentes, evitando o aumento da degradação da camada abaixo.
TRATAMENTO
SUPERFICIAL:
denominação para a aplicação de um ligante asfáltico que posteriormente é coberto
por agregados e compactado. O procedimento técnico é denominado também como
“penetração invertida” pelo fato do ligante ser aplicado primeiro e depois os
agregados, com o ligante penetrando de baixo para cima.
Equipamentos e aplicação de tratamento superficial
Há diversas
formas de aplicação do tratamento superficial, que é dividido em três tipos:
1. Tratamento
Superficial Simples (TSS): aplicação do ligante asfáltico com cobertura de
uma camada de agregados miúdos.
2. Tratamento
Superficial Duplo (TSD): aplicação do ligante asfáltico em duas etapas,
cobertas cada uma por agregado graúdo e miúdo.
3. Tratamento
Superficial Triplo (TST): aplicação do ligante asfáltico em três etapas,
cobertas cada uma por agregados graúdo, médio e miúdo.
Nas três
aplicações a compactação deve ser realizada posteriormente, com a utilização de
rolo pneumático. A quantidade de emulsão asfáltica e agregado mineral a ser
aplicado devem ser determinados em laboratório, de acordo com as
características dos materiais e da própria obra. A faixa granulométrica
utilizada em cada tipo de tratamento superficial é determinada por normas
técnicas do DNIT. É muito importante que haja distribuição uniforme e precisão
quanto à granulometria. Erros de aplicação podem ocasionar falhas na cobertura
dos agregados e assim comprometer a adesão das partículas.
O tratamento
superficial é uma solução de ótimo custo-benefício, usado em muitos países em
estradas rurais e também em rodovias pavimentadas, utilizando ligantes
asfálticos modificados por polímeros para melhorar suas propriedades. Para que
tenha boa qualidade é necessário que haja um processo de aplicação e
espalhamento preciso e acurado, utilizando equipamentos adequados. É preciso
também verificar a compatibilidade do tipo de agregado (quanto à sua origem,
por exemplo, basalto, granito, calcário ou gnaisse) e o tipo de ligante
asfáltico utilizado, verificando assim se haverá uma boa adesividade.
As vantagens do tratamento superficial são:
- Garantir uma
camada de rolamento com alta resistência ao desgaste;
- Proteger e
impermeabilizar o pavimento existente;
- Proporcionar
um revestimento com ótima rugosidade superficial, garantindo propriedades antiderrapantes;
- Utilização em
praticamente todas as categorias de tráfego, porém sem função estrutural;
- Aplicação em
vias sem pavimentação ou sobre uma camada de base granular, melhorando as
condições de trafegabilidade (desde que a superfície a ser revestida tenha boas
condições);
- Estender a
vida útil de um pavimento desgastado (desde que não haja problemas estruturais);
- Aplicação simples, com emulsão asfáltica a temperatura ambiente, sem emitir vapores ou gases.
- Aplicação simples, com emulsão asfáltica a temperatura ambiente, sem emitir vapores ou gases.
Distribuição
de agregados sobre o ligante asfáltico (TSS)
Espargidor aplicando emulsão sobre a primeira camada
de agregados (TSD)
Tratamento superficial utilizado dentro de área urbana
Há opções de equipamentos que aplicam ligante
asfáltico e agregados de forma simultânea, com maior precisão e qualidade
MICROPAVIMENTO: também chamado de MRAF (micro revestimento asfáltico
a frio) é uma fina película de emulsão asfáltica modificada com pequenos
agregados misturados. É utilizada a frio, ou seja, em temperatura ambiente. O
micropavimento é produzido e aplicado na pista pelo mesmo equipamento, a usina
de micropavimento. Neste caso não há necessidade de compactação posterior. O procedimento é realizado com baixo consumo
de energia, de forma rápida e com precisão. Por ser uma mistura delgada e
impermeável, não apresenta função estrutural.
Equipamentos e aplicação do micropavimento
Alguns
tipos de defeitos são normais na pavimentação asfáltica. Problemas como as
trincas por fadiga, ou fissuras originadas da parte superior para baixo, ou pequenas
deformações e sulcos causados por grandes mudanças de temperatura. Para
restaurar as propriedades funcionais da superfície do pavimento pode ser
aplicado o micropavimento. Também são alternativas a colocação de uma pequena
camada asfáltica sobreposta, ou o processo convencional de fresagem e
recapeamento. A escolha do procedimento depende do orçamento disponível, das
condições da rodovia e a disponibilidade de equipamentos de execução.
Os benefícios do uso do micropavimento são:
Os benefícios do uso do micropavimento são:
- Protege o
pavimento asfáltico existente;
- Corrige
pequenas deformações superficiais, até mesmo trilha de rodas;
- Preenche
vazios e pequenas rachaduras superficiais com a emulsão;
- Proporciona
uma impermeabilização das camadas abaixo, evitando a entrada de água e o
surgimento dos buracos;
- Aumenta a
segurança e a qualidade na locomoção dos veículos devido à melhor aderência;
- Prolonga a
vida útil do pavimento, garantindo em média mais quatro anos de durabilidade;
- Gera ganhos
financeiros na manutenção, o custo pode chegar a menos da metade do valor de um
CBUQ (geralmente custa 30%, variando entre uma região e outra do Brasil);
- Rapidez de execução, exigindo menor mobilização e menor número de equipamentos necessários (CBUQ exige uma usina de asfalto para produzir o concreto asfáltico, o transporte até a obra, a aplicação com pavimentadora e compactação com rolos compactadores).
- Rapidez de execução, exigindo menor mobilização e menor número de equipamentos necessários (CBUQ exige uma usina de asfalto para produzir o concreto asfáltico, o transporte até a obra, a aplicação com pavimentadora e compactação com rolos compactadores).
O micropavimento
é uma ótima técnica, porém precisa ter alguns cuidados para evitar o
aparecimento de falhas precoces. Um dos principais tipos de defeitos que
acontecem é o descolamento em placas da camada aplicada. Isto ocorre em função
quando o microrrevestimento é aplicado sobre uma superfície asfáltica muito
lisa ou polida. Nestes casos é recomendado a utilização da pintura de ligação.
O
equipamento que faz a aplicação, a usina móvel de micropavimento, possui silos
para armazenar os agregados miúdos utilizados na mistura, tanque de emulsão
asfáltica e de água, um misturador do tipo pug-mill e o conjunto da mesa
distribuidora sobre o pavimento. Assim como no uso do concreto betuminoso usinado
à quente (CBUQ), o trabalho de laboratório é fundamental para verificar as características dos
materiais utilizados, definindo granulometria e teor ótimo de ligante. O
excesso de ligante resulta em exsudação e a falta gera desagregação da mistura.
Pelos
seus benefícios técnicos e baixo custo poderia ser utilizado em maior escala
mesmo dentro de cidades, em manutenções preventivas de pavimentos asfálticos.
Outra grande vantagem do micropavimento na pavimentação urbana é a sua fina
espessura, de no máximo 15 mm, evitando problemas de desnivelamento com
calçadas, sarjetas, bueiros, acesso a garagens, etc. Já no CBUQ a espessura
mínima recomendada de aplicação é de 30 mm. Em espessuras menores o CBUQ pode
ter os agregados esmagados pelo peso da mesa compactadora da vibroacabadora de
asfalto, sendo necessário a utilização de uma mistura asfáltica sem a presença
de agregados graúdos.
Aplicação do micropavimento em uma estrada
Faixa rodoviária após a aplicação do micropavimento
O micro revestimento a frio corrige pequenas
imperfeições superficiais de um pavimento asfáltico
Outra opção
também é o uso da lama asfáltica. Porém esta aplicação é mais simples,
utilizando uma emulsão asfáltica e finos, geralmente uma composição com consistência
bem mais fluída para garantir propriedades selantes. A aplicação é similar ao
micropavimento, porém com custos e qualidade inferiores, uma vez que o micropavimento
apresenta em sua composição emulsões modificadas que rompem rapidamente e
agregados mais bem selecionados.
Aplicação de lama asfáltica
Obs: Importante
também é esclarecer algumas traduções técnicas do inglês para o português, que
causam confusão quando literaturas técnicas do exterior são consultadas. O
tratamento superficial é “chip and seal”, enquanto que a micropavimento é “microsurfacing”
e a lama asfáltica é “slurry seal”.
Ótimo conteúdo.
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