Trabalhando desde
2008 no ramo de fabricação e fornecimento de equipamentos de pavimentação me
deparei com inúmeras situações onde representantes de construtoras e
responsáveis técnicos por obras rodoviárias demonstravam falta de conhecimentos
básicos sobre usinas de asfalto, o equipamento mais importante dentro do
processo produtivo da pavimentação asfáltica.
Muitos
detalhes importantes sobre a usina de asfalto ainda são pouco conhecidos. Desta
forma selecionei algumas informações básicas sobre a máquina. São temas que podem
ser muito importantes para empresas que executam obras de pavimentação e que necessitam
de uma usina de asfalto.
1.
Usina em
chassi rodoviário – aumento desnecessário de custo
Praticamente
todos os fabricantes de usinas de asfalto ofertam seus produtos montados sobre
um chassi rodoviário. A vantagem é a mobilidade do equipamento, que pode ser
engatado em um caminhão e facilmente transportado entre uma obra e outra quando
há necessidade de realocação da usina.
Acontece
que na prática ocorre que muitas vezes uma empresa compra a usina de asfalto,
instala em um local e nunca mais movimenta o equipamento. Dependendo do porte
da usina o chassi rodoviário representa um custo adicional de aproximadamente
25% no valor do equipamento por ter uma grande quantidade de aço de alta
resistência. Outro fato comum é quando ocorre há necessidade de transporte e os
pneus foram extraviados ou o engate foi danificado devido à exposição ao calor
e a sujeira natural de um ambiente com muito pó no ar, dificultando a tal fácil
mobilidade.
Realmente
há necessidade de pagar a mais por uma mobilidade que será pouco ou sequer
utilizada? Há muitas situações onde a usina de asfalto é instalada em uma
pedreira e dificilmente será transferida para outro local. Nestes casos é
interessante ver a possibilidade de instalar uma usina fixa com os mesmos
componentes da usina móvel, com pesagem dinâmica dos agregados e produção
contínua. Desta forma ocorre uma redução de custo bastante considerável.
Outra possibilidade também é adquirir uma usina gravimétrica, fixa e de maior custo por ter um sistema diferenciado de dosagem de agregados por peneiramento, com produção descontínua por bateladas. Tudo deve ser definido de acordo com o grau de exigência do produto final e do retorno financeiro do projeto.
Outra possibilidade também é adquirir uma usina gravimétrica, fixa e de maior custo por ter um sistema diferenciado de dosagem de agregados por peneiramento, com produção descontínua por bateladas. Tudo deve ser definido de acordo com o grau de exigência do produto final e do retorno financeiro do projeto.
Usina de asfalto montada sobre chassi rodoviário. Um alto volume de aço é necessário para a fabricação.
Representação de uma usina de asfalto montada sobre
base fixa. Os subconjuntos do equipamento são os mesmos de uma usina sobre
chassi
2.
Usina de
asfalto em contêiner – facilidade na logística de transporte
Alguns
fabricantes de usinas de asfalto do Brasil passaram a ofertar o equipamento
dentro de contêiner, o que já existia no exterior. Assim como em uma usina
sobre chassi rodoviário ou usina montada sobre uma estrutura fixa, os
componentes são basicamente os mesmos (silos dosadores, tambor secador,
misturador, sistema de filtragem e cabine de comando e operação). No entanto o
projeto contempla que todos estes subsistemas da usina sejam transportados
dentro de um contêiner, e no local de instalação sejam posicionados em posição
de operação.
Portanto,
qual a vantagem de adquirir uma usina de asfalto em contêiner? Basicamente
apenas para facilitar o transporte. As usinas em chassi rodoviário requerem uma
série de exigências e burocracias tanto para o fabricante quanto para o cliente
que a compra. Por exemplo, usinas em chassi rodoviário só podem rodar durante o
dia nas rodovias do Brasil. Para os fabricantes o “pepino” é maior ainda porque
cada país tem uma legislação diferente em relação às exigências de cargas por
eixo, dimensões, sinalizações, etc. É preciso praticamente customizar a usina
de acordo com o mercado destino. Já um contêiner basta posicionar em cima de um
caminhão de transporte e seguir viagem. Para transporte marítimo a facilidade é
a mesma.
Embora a
usina em contêiner tenha facilidades logísticas é preciso checar se alguns
modelos não apresentam subdimensionamento de alguns conjuntos, pois é preciso
“apertar” o equipamento para que caiba dentro de um contêiner. Em uma usina
instalada sobre base fixa este problema não existe, pois a área instalada pode
ser maior do que a dimensão de transporte. No contêiner esta flexibilidade é
limitada.
É preciso também verificar se o modelo da usina de acordo com o porte de produção terá um, dois ou três contêineres. Embora o contêiner seja menos burocrático para transportar muitas vezes não vale financeiramente a pena ter que carregar três contêineres (quatro, se contar o tanque de armazenamento de CAP e combustível) em vez de um único chassi rodoviário.
É preciso também verificar se o modelo da usina de acordo com o porte de produção terá um, dois ou três contêineres. Embora o contêiner seja menos burocrático para transportar muitas vezes não vale financeiramente a pena ter que carregar três contêineres (quatro, se contar o tanque de armazenamento de CAP e combustível) em vez de um único chassi rodoviário.
Representação de uma usina de asfalto fabricada dentro
das dimensões de contêineres
Exemplo de usina de asfalto em contêiner, divulgada
pelo fabricante Lintec-Ixon
3.
Usina de
asfalto gravimétrica – risco zero de falhas granulométricas
Como já foi
postado aqui no blog em maio de 2018 (tipos de dosagem e mistura em usina de
asfalto), basicamente há dois tipos de usinas de asfalto quanto ao processo de
dosagem dos materiais: as usinas com pesagem dinâmica dos agregados, através das
diferentes velocidades das correias de cada material utilizado, e as usinas
gravimétricas com separação granulométrica por peneiramento.
No Brasil e
na América Latina a grande maioria das usinas é do tipo com dosagem por pesagem
dinâmica. Uma usina gravimétrica exige maior dimensão do equipamento em função
da torre de peneiramento e mistura, o que resulta em maior custo e sem
mobilidade alguma. Já uma usina com dosagem dinâmica pode ser projetada em uma
área pequena, podendo ser fabricada sobre chassi rodoviário, contêiner ou sobre
uma base fixa de pequena dimensão.
O “calcanhar de aquiles” das usinas por pesagem dinâmica é a contaminação entre silos, o que ocorre muito na prática principalmente em modelos de usinas que tenham silos bipartidos. O material de um silo acaba entrando no silo vizinho, e assim ocorre uma contaminação que pode gerar uma falha na granulometria da mistura asfáltica produzida. Já na usina gravimétrica esta falha não ocorre em função do processo de separação dos materiais que ocorre através da passagem em peneiras. O risco é mínimo de falha granulométrica, que pode ocorrer somente se houver algum desajuste na balança de pesagem dos materiais.
O “calcanhar de aquiles” das usinas por pesagem dinâmica é a contaminação entre silos, o que ocorre muito na prática principalmente em modelos de usinas que tenham silos bipartidos. O material de um silo acaba entrando no silo vizinho, e assim ocorre uma contaminação que pode gerar uma falha na granulometria da mistura asfáltica produzida. Já na usina gravimétrica esta falha não ocorre em função do processo de separação dos materiais que ocorre através da passagem em peneiras. O risco é mínimo de falha granulométrica, que pode ocorrer somente se houver algum desajuste na balança de pesagem dos materiais.
Contaminação dos agregados entre silos é uma
ocorrência muito comum em usinas de asfalto. Não há peneiramento posterior, o
que pode gerar distorções na granulometria da mistura asfáltica produzida.
Com separação granulométrica por peneiras e pesagem
individual de cada agregado para composição da mistura, o risco de falhas
granulométricas em usina do tipo gravimétrica é nulo.
4.
Mistura
interna drum mixer: possibilidade de instalação de misturador externo
No mercado
de usinas de asfalto no Brasil predomina atualmente os modelos com misturador
externo ao tambor secador. No passado praticamente só existiam usinas do tipo drum-mixer, onde o tambor é dividido
entre a área de secagem dos agregados e a área de mistura de agregados com o
CAP (cimento asfáltico de petróleo). Alguns fabricantes seguem fabricando este
tipo de usina, embora a maioria já tenha aposentado esta característica e
migrado para o misturador externo.
Os
fabricantes que seguem produzindo usinas de asfalto com sistema de mistura
interna chamam o sistema de misturador externo rotativo, porém a mistura com
asfalto segue sendo executada dentro do tambor. A grande rejeição a este tipo
de sistema é a exposição do ligante asfáltico às altas temperaturas internas do
tambor de secagem, o que poderia gerar uma oxidação precoce do CAP e assim
reduzir sua vida útil (perda da propriedade elástica, apresentando tendência ao
trincamento). Embora se acredite que isto ocorra não há nenhum estudo
científico aprofundado que comprove, tanto que usinas do tipo drum-mixer seguem sendo fabricadas
também no exterior. No entanto muitos órgãos técnicos e concessionárias de
rodovias rejeitam o uso deste tipo de usina, dando preferencia às usinas com
misturador externo.
Para empresas que possuem usinas deste tipo e não desejam perder algum contrato é possível instalar um misturador externo ao tambor. O compartimento de mistura com o CAP é acoplado junto à saída do tambor para o elevador de transporte ao caminhão, assim dentro do tambor ocorre apenas a secagem dos agregados.
Para empresas que possuem usinas deste tipo e não desejam perder algum contrato é possível instalar um misturador externo ao tambor. O compartimento de mistura com o CAP é acoplado junto à saída do tambor para o elevador de transporte ao caminhão, assim dentro do tambor ocorre apenas a secagem dos agregados.
Tambor drum-mixer: secagem dos agregados e mistura com
o CAP ocorrem ambas dentro do tambor.
Localização do compartimento de mistura de um tambor
drum-mixer.
É possível fazer a adaptação em uma usina com mistura
interna para executar a mistura dos agregados com o CAP em compartimento
externo ao tambor de secagem.
5.
Medidor de
vazão de asfalto: investimento com ótimo retorno financeiro.
Trata-se de
um opcional configurável de uma usina de asfalto que mede a vazão real de CAP
que está sendo injetado na mistura com os agregados. O medidor de vazão é um
dispositivo que checa a quantidade de ligante asfáltico que está passando pela
tubulação de maneira volumétrica, verificando além do fluxo a densidade,
pressão e temperatura. A correção da quantidade de CAP é realizada caso
necessário.
Embora seja
utilizado em cerca de 5% da composição de uma mistura asfáltica, o CAP apresenta
um alto valor no orçamento de uma obra de pavimentação, de aproximadamente 50%
dos custos de produção asfáltica. Então qualquer variação na sua quantidade
resulta em um alto impacto financeiro. Qualquer mudança que ocorra, por mínima
que seja, representa um valor financeiro importante.
Para instalar o medidor de vazão é preciso fazer uma adaptação especial na tubulação que interliga o tanque de armazenamento com o misturador da usina. Nesta adaptação é inserido o medidor, conectado ao sistema de automação do equipamento.
Para instalar o medidor de vazão é preciso fazer uma adaptação especial na tubulação que interliga o tanque de armazenamento com o misturador da usina. Nesta adaptação é inserido o medidor, conectado ao sistema de automação do equipamento.
Diversos estudos comprovam que o custo do asfalto
(ligante asfáltico, o CAP) representa aproximadamente 50% dos custos de
produção de uma mistura asfáltica.
Um medidor de vazão de CAP garante que a proporção do
ligante na mistura terá acuracidade total, evitando distorções que resultam em
perdas financeiras e da qualidade da mistura asfáltica.
6.
Tanques de
armazenamento: configurações e características.
Toda usina
de asfalto necessita de um tanque de armazenamento de ligante asfáltico (CAP – cimento
asfáltico de petróleo) e combustível. Há inúmeros modelos ofertados no mercado,
com uma infinidade de opcionais, o que gera muitas dúvidas no momento da
compra.
O mais
comum é instalar um tanque compartido 40/20, que significa 40 mil litros de
armazenamento de CAP e 20 mil litros de armazenamento do combustível utilizado
na usina, e um sistema de aquecimento para manter o ligante asfáltico na
temperatura ideal. Geralmente os fabricantes já ofertam uma usina saindo de
fábrica com este tanque incluso. E por que esta proporção?
A relação
de consumo de CAP em média é bem superior ao de combustível, a média é uma
relação de 1:10. Em uma produção de 500 toneladas por dia são consumidos 25
toneladas de CAP (considerando o uso de 5% na mistura, a média utilizada). Ou
seja, 25 mil litros, praticamente a metade de um tanque de 40 mil litros. Seria
necessário reabastecer o tanque a cada 2 dias. Se a usina está em um local
distante dos fornecedores o ideal seria instalar outros tanques interligados
que permita uma maior capacidade de armazenamento que permita o trabalho por
mais dias. Geralmente este tanque do tipo 40/20 é insuficiente para altas
produções, sendo necessário o uso de outros tanques. Tudo é questão de calcular
a quantidade que será utilizada em determinada obra, porém são poucas empresas
e profissionais que conhecem a forma de realizar este cálculo.
Já o
consumo de combustível depende de diversos fatores tais como o modelo da usina,
tipo de combustível utilizado, alta umidade dos agregados (o que aumenta o
consumo), etc. Considerando um consumo médio de 5 litros por tonelada
produzida, então com produção de 500 toneladas por dia são consumidos 2.500
litros de combustível. Em um tanque com capacidade para armazenar 20 mil litros
de combustível é possível realizar o abastecimento somente depois de muitos
dias. Ao contrário do armazenamento de CAP, o reservatório para combustível
está muito bem dimensionado neste tanque do tipo 40/20.
Estão
disponíveis também tanques de maior capacidade, com 60 mil litros para CAP e 20
mil litros de combustível. Este tipo de tanque geralmente tem o compartimento
de CAP bipartido em dois reservatórios de 30 mil litros, o que permite
armazenar CAP convencional e também um ligante asfáltico modificado no mesmo
tanque. Há também tanques ainda maiores, com capacidade de 100 mil litros.
Os
opcionais para tanques costumam ser também motivos de dúvidas. Por exemplo,
agitadores podem ser utilizados para manter o ligante asfáltico homogêneo,
principalmente quando se utiliza asfalto modificado.
Representação de um tanque do tipo 40-20, um dos mais
utilizados em usinas de asfalto.
Representação de um tanque do tipo 30-30-20, que
permite armazenar dois tipos diferentes de ligante asfáltico (CAP).
Agitador instalado dentro de um tanque de
armazenamento de ligante asfáltico.
7.
Instalação
de um módulo de pré-misturado a frio na usina de asfalto
Um opcional
que pode se tornar bastante útil é o módulo adicional que permite a produção de
misturas a frio para camadas de base utilizando a própria usina de asfalto.
Este módulo é simplesmente um conjunto com correia transportadora e um
misturador acoplado junto às correias dosadoras da usina, cujo sentido de giro
é invertido. O material em vez de seguir para o tambor de secagem é
transportado para o lado oposto, em direção ao módulo. Para isto é preciso
verificar a automação da usina, e fazer o ajuste caso necessário.
Em obras de
alta produção o ideal é ter uma usina de pré-misturado a frio, conhecido também
como usina de solos, para produzir estas misturas para base. Já em casos de
menor produção onde a usina de asfalto não opera 100% do tempo é interessante
utilizar o mesmo equipamento para produzir misturas asfálticas a quente e
também misturas a frio tais como BGS (brita graduada simples), BGTC (brita
graduada com cimento), entre outras misturas. No caso do BGTC é preciso
instalar também um silo de cimento junto ao misturador do módulo.
Ilustração do módulo de pré-misturado a frio acoplado
em uma usina de asfalto.
Foto de um módulo de mistura à frio instalado em usina
de asfalto.
8.
Utilização
de silo de armazenamento de massa asfáltica
Em usinas
do tipo produção contínua, as mais comuns e em grande quantidade pelo Brasil,
há necessidade de ter caminhões de transporte durante todo o tempo de produção.
No momento que há falta de caminhão é preciso interromper a produção, o que
gera perdas de materiais e prejuízos financeiros. Isto não ocorre nas usinas
gravimétricas (com produção descontínua) que representam menos de 10% das
usinas de asfalto existentes no Brasil.
Uma solução
para evitar transtornos por falta de caminhões de transporte é a instalação de
um silo de armazenamento de massa asfáltica. É um módulo opcional configurável
de fácil acoplamento na usina de asfalto, permitindo o armazenamento da mistura
asfáltica produzida em temperatura adequada.
Outra
vantagem do uso deste módulo é utilizar a usina menos horas por dia, quando possível.
Uma usina de asfalto muitas vezes opera abaixo de sua produção máxima, durante
várias horas por dia. Há um custo operacional em manter a usina em
funcionamento, mesmo em produções menores o queimador está consumindo
combustível. É possível verificar a possibilidade, de acordo com a demanda de
produção necessária, em operar a usina em sua produção máxima durante poucas
horas do dia e deixar o material produzido armazenado dentro do silo.
Detalhes do silo de armazenamento de massa asfáltica
Caminhão recebendo o material do silo de armazenamento
de massa asfáltica instalado em uma usina.
9.
Filtro de
mangas – o pulmão da usina
Para secar
e aquecer os agregados com o objetivo de permitir a mistura destes insumos com
o cimento asfáltico (CAP) é preciso utilizar uma chama para gerar a energia
térmica suficiente para executar a função. Basicamente é acender um fogo e
gerar calor. Só que esta queima gera consequências. Além de emitir gases tóxicos,
ainda ocorre o arraste de materiais finos presentes junto às britas e
pó-de-pedra. Uma usina de asfalto sem um sistema de filtragem gera uma fumaça
negra para a atmosfera, o que não é permitido pelos órgãos ambientais.
As usinas
de asfalto mais antigas utilizavam um processo de filtragem conhecido como via
úmida, que é simplesmente o espargimento de água contra o material particulado
em suspensão pelos gases. Estes materiais em contato com a água aumentam de
peso e volume em forma de lodo, que é transportado a um tanque de decantação. O
problema deste processo é o passivo ambiental criado. O lodo acumulado não apresenta
serventia alguma e ainda necessita de uma grande área para a sua deposição. Este
método acabou sendo substituído por processos mais eficientes e limpos, com
reaproveitamento do material fino em suspensão que até então não havia como
redirecionar para a produção da mistura asfáltica.
O filtro de
mangas foi então desenvolvido para receber os gases de exaustão sem danos
ambientais e também possibilitar a recuperação dos finos em suspensão pelos
gases gerados na combustão do queimador. No tambor de secagem há uma câmara de
aspiração por onde os gases são transportados para uma tubulação de exaustão em
direção ao filtro, localizado na parte traseira da usina. Dentro do filtro há
um conjunto de mangas (material que lembra um tipo de tecido) que absorvem os
gases e os finos em suspensão. As mangas são posicionadas em uma espécie de
gaiola em formato cilíndrico. Os materiais aderidos na manga são recuperados
através da injeção de ar gerada pela parte superior, caindo na parte inferior
do filtro e sendo transportados através de transportadores helicoidais até o
misturador.
As usinas
de asfalto mais antigas geralmente apresentam filtros com problemas de
dimensionamento, muitas vezes se tornando um gargalo na produção asfáltica. Ao
longo do tempo os fabricantes foram aprimorando tecnicamente o filtro. As
mangas inicialmente eram lisas, o que requeria uma área grande para suprir a
demanda da usina. Alguns fabricantes migraram para as mangas plissadas, em
formato sanfonado, com área filtrante cinco vezes superior a de uma manga lisa,
o que consequentemente permite diminuir as dimensões do filtro. Uma grande área
de filtragem garante produção constante, pois a exaustão permanece estável. Um
filtro eficiente e bem dimensionado é como um pulmão que permite o pleno
funcionamento do equipamento.
Outro
problema bastante comum é a falha na temperatura do filtro. Quando está abaixo
de 100°C ocorre uma condensação interna, o que prejudica o processo de
exaustão. Já em temperaturas elevadas pode ocorrer danos nas mangas, cujo
material não resiste a temperaturas muito elevadas. Em filtros mais antigos é
difícil executar o controle da temperatura, que pode variar em função de
variação da umidade dos agregados. Esta é uma falha de aplicação muito comum
pelo Brasil, quando britas com alta umidade são inseridas na usina, gerando
muito vapor que segue para o filtro e aumenta sua temperatura interna. O ideal
é que os agregados tenham no máximo 3% de umidade. Até 6% de umidade ainda é
possível utilizar, embora a produção seja reduzida. Acima disto pode ocorrer
danos ao filtro.
Portando se uma usina antiga apresenta problemas em função do filtro é possível fazer uma atualização (retrofit) trocando somente o filtro, melhorando consideravelmente o funcionamento da máquina.
Portando se uma usina antiga apresenta problemas em função do filtro é possível fazer uma atualização (retrofit) trocando somente o filtro, melhorando consideravelmente o funcionamento da máquina.
Representação do sistema de filtragem de uma usina de
asfalto
Mangas
plissadas, com maior área de absorção, devido a sua característica sanfonada
Mundialmente é discutida a questão do filtro de mangas
mal dimensionado prejudicar a produção
10.
Fornecimento
de energia elétrica – fundamental para o bom funcionamento
Uma usina
de asfalto é um equipamento sofisticado, praticamente uma pequena fábrica. Para
o seu funcionamento é preciso o uso de componentes elétricos e de automação.
Portanto uma usina necessita de fornecimento de energia elétrica de boa
qualidade.
Há duas
opções para o fornecimento elétrico. Por meio de subestação (transformador)
conectada à rede concessionária ou por meio de gerador de energia. Para ambos é
necessário cumprir com a demanda do consumo de energia, cujo valor total é
informado por meio de uma tabela de cargas. Esta tabela depende da configuração
da usina. A recomendação é que seja utilizado transformador ou gerador com
potência superior a 20% à carga instalada da usina.
Embora seja
um pré-requisito básico ainda há muitos problemas que surgem em função de más
condições de energia. Variações de tensão podem comprometer o funcionamento da
máquina, gerando problemas de produção e de qualidade da mistura asfáltica
produzida. A energia fornecida precisa estar isenta de qualquer distúrbio que
afete a sua qualidade, garantindo um funcionamento ininterrupto da usina.
Para
garantir um bom funcionamento e segurança existem alguns sistemas de proteção
contra distúrbios da rede elétrica. Por exemplo, um supervisor de tensão
monitora possíveis variações da rede, indicando as falhas e executando o
desligamento da usina por questão de segurança. Um banco de capacitores atenua
distorções harmônicas, diminuindo o consumo de energia. Se uma usina antiga não
possui estes dispositivos é possível realizar a instalação, atualizando assim o
equipamento. Mesmo com todos estes dispositivos a recomendação é utilizar um
gerador em locais com falhas frequentes no fornecimento de energia.
Todos os
componentes elétricos de uma usina estão localizados em um quadro de força
climatizado com ar condicionado, geralmente utilizando o mesmo aparelho que
climatiza a cabine de operação. É muito importante realizar a manutenção
preventiva, verificando periodicamente se todos os cabos estão bem conectados
nos bornes do quadro de força, que servem de interligação para alimentar os
motores da usina. Isto evita que ocorra falta de uma das fases da tensão, o que
poderia resultar em aquecimento de motores e condutores.
Uma usina de asfalto precisa de energia elétrica para
o seu funcionamento
Exemplo de lista de cargas de uma usina, que depende
de sua configuração e deve ser fornecida pelo fabricante
muito elucidativo
ResponderExcluirMaterial muito elucidativo , importante para conhecimento.
ResponderExcluirUma usina de asfalto quente tem estar ligada 24 hs ou não, esplique melhor obrigado sergio
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