terça-feira, 19 de setembro de 2017

Fresagem fina e microfresagem

A fresagem asfáltica é a remoção de uma ou mais camadas do pavimento com largura e profundidade de corte pré-determinadas através do uso de uma fresadora de asfalto. Este equipamento é amplamente utilizado em todos os tipos de obras de pavimentação no Brasil e no exterior. Embora seja uma técnica muito conhecida e utilizada, ainda há pouca informação sobre os diferentes tipos de tambores de corte disponíveis para as fresadoras e as respectivas sugestões de aplicação.

Um tambor de corte padrão tem um espaçamento de 15 mm entre as linhas de corte no pavimento. Este foi o distanciamento escolhido para ser padrão de fábrica. Com este espaçamento é possível a remoção da capa asfáltica de rolamento e também de camadas granulares de base em uma única passada. Devido à versatilidade de aplicações é o tambor utilizado nos mais variados modelos de fresadoras.



É possível equipar a fresadora de asfalto com tambores de diferentes espaçamentos entre as linhas de corte no pavimento, e consequentemente com um número diferente de bits (ferramentas de corte). Além do tambor de fresagem padrão existe as opções de utilização de um tambor econômico com menor número de bits e os tambores de fresagem fina e microfresagem, estes com maior número de bits.




Tambor econômico (Eco-cutter):

Possui menor quantidade de bits em relação ao tambor padrão, logo maior espaçamento entre as linhas de corte no pavimento. Ainda é um tipo de tambor de fresagem desconhecido no Brasil e na América Latina. Quanto maior a distância entre as linhas resultará também em sulcos maiores. Esta aplicação é recomendada quando o objetivo é a remoção total das camadas do pavimento com fresagem superior a 20 centímetros de profundidade. Por ter um menor número de ferramentas de corte consequentemente haverá menos desgaste e substituição destas peças, desta forma se alcança uma redução nos custos operacionais. Por ter maior espaçamento entre os bits resultará em um material fresado de maior granulometria.


Tambor de fresagem fina:

Trata-se de um tambor de corte com maior quantidade de bits e menor espaçamento entre as linhas de corte no pavimento. Em comparação com o tambor de fresagem padrão, o espaçamento reduz de 15 mm para 8 mm. Desta forma os sulcos produzidos são muito menores, cuja altura interna dos mesmos é reduzida de 4,33 mm para 2,31 mm. Por exemplo, quando há aplicação de micropavimento sobre a camada fresada ocorre melhor aderência e principalmente uma redução no consumo do material novo em função da diminuição dos sulcos resultantes do corte.
Por ter um número maior de bits não é recomendado a aplicação com profundidade superior a 8 centímetros. Um tambor de 2 metros de largura de fresagem convencional tem 162 bits. Já um tambor 2 metros de fresagem fina possui 274 bits, um aumento próximo de 70% na quantidade. Este maior número de ferramentas de corte significa maior resistência ao corte e também maior custo operacional em função do desgaste dos bits. Portanto as aplicações recomendadas são para fresagem rasa e correções de pequenos defeitos localizados. Em relação à fresagem convencional haverá uma grande redução nos torrões de asfalto fresado, melhorando a granulometria do material para um possível reuso.

Tambor de microfresagem:

Equipado com um alto número de bits, consequentemente possui menor capacidade de profundidade de corte. Ao contrário dos demais tambores o objetivo de aplicação não é a remoção da camada mas sim uma correção superficial do pavimento. O espaçamento entre as linhas de corte é reduzido de 8 mm para 6 mm e realizada de uma forma mais forte e precisa pelo fato deste tambor ser do tipo “6x2”, ou seja, a cada rotação completa do tambor passam dois bits na linha de corte no pavimento. Os demais tambores funcionam com um único bit passando na linha de corte a cada rotação do cilindro. O tambor de microfresagem com 2 metros de largura é equipado com 672 bits. Com este número elevado de ferramentas de corte é recomendável aplicar a microfresagem no máximo com 3 centímetros.
Por ser mais um trabalho de correção superficial do que remoção, a microfresagem é recomendada para operações de aumento de aderência, preparação para tratamento superficial ou micropavimento, correções de irregularidades inferiores a 3 cm e remoção de pintura de sinalização. A distância entre as linhas de corte é tão pequena que o tráfego pode ser liberado sem a necessidade de aplicação de um novo material de revestimento.


Tambor de microfresagem

Aplicação com microfresagem (à esquerda)


Alguns modelos de fresadoras apresentam como opcional um sistema de troca rápida dos tambores de corte, agregando maior flexibilidade e versatilidade ao equipamento. Este sistema é composto por um compartimento de fácil abertura das comportas laterais com conexões por parafusos onde o cilindro é fixado em sua posição de trabalho. Assim em menos de duas horas é possível substituir um tipo de tambor por outro. É uma ótima opção para empresas que buscam estar dispostas a atender as mais variadas aplicações em fresagem asfáltica.


8 comentários:

  1. Boa noite!
    Pode-se utilizar a microfresagem para aumentar a espessura da capa? Vir depois com uma espessura maior de CBUQ.

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    1. Sim, pode ser realizada a microfresagem de um pavimento com pequenas irregularidades superficiais, e aplicar uma pequena capa de CBUQ por cima. Mas neste caso o ideal seria a fresagem fina - número menor de bits (menos desgaste, menor custo operacional) - e a diferença de espaçamento das linhas de corte para a microfresagem é pequena.

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  2. Esse blog é sensacional, estou aprendendo muitas coisas aqui. Parabéns!

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    1. Obrigado Marcio. Em breve estarei trazendo mais alguns tópicos por aqui. Abraço.

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  3. Excelente conteúdo, deveria ministrar aulas. Eu sempre tive uma dúvida quanto a fresagem. Normalmente eu vejo nas rodovias o pessoal fresando dez, as vezes quinze, ou mais cm para recapear. Já na cidade a fresagem é bem menos espessa, normalmente com uns três cm já se considera suficiente para remover os defeitos do pavimento. A minha dúvida é o seguinte, por nos projetos de recapeamento de rodovias as fresagens são muito mais profundas? Uma fresagem tentando remover apenas a camada danificada seria ruim? Por que fresar tão profundo?

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    1. As fresagens dependem da espessura do pavimento existente. No Brasil o mais comum são camadas de 5 cm. Algumas rodovias de maior tráfego a camada asfáltica pode ultrapassar 10 cm, sendo divididas em duas camadas com composições diferentes. Já a remoção da camada asfáltica e também da camada de base granular abaixo é raro de se ver no Brasil. As fresadoras estão aptas a executar esta remoção total até o limite de profundidade (aproximadamente 30 cm, alguns modelos um pouco mais).

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  4. muito interessante este sistema.
    Prezado Julio, e possivel obter um sistema de fresa em escala menor?
    gostaria de adaptar em outro equipamento.
    se, sim com quem poderia falar ou o responsável.
    tenho um projeto e se for possivel reduzir a escala/tamanho.
    15-996944638

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