É comum ver obras de pavimentação no
Brasil ser executada por equipamentos velhos e ineficientes. Combinados com
erros nos procedimentos de execução, o uso de máquinas antigas e obsoletas em
tecnologia contribuem para a ocorrência de erros construtivos e imperfeições na
pavimentação.
Cito alguns exemplos bastante comuns
de problemas oriundos de maquinários obsoletos que são corriqueiros e que
afetam a qualidade final da obra.
USINAS DE ASFALTO
Equipamento muito importante no
processo de execução de obras de pavimentação. Recebe os agregados e o ligante
asfáltico, dosa cada material conforme formulação, executa a mistura de todos
estes insumos e descarrega o massa asfáltica final pronta a um caminhão. Todo o
seu funcionamento é automatizado e há filtragem total dos gases gerados no
processo de secagem e aquecimento dos agregados minerais.
As usinas mais antigas não secam
corretamente os agregados, não dosam corretamente a proporção ideal dos
materiais, misturam mal o ligante asfáltico com os insumos minerais, apresentam
problemas de controle de temperatura e também na filtragem dos gases.
Quando não há um controle em relação
às temperaturas muito elevadas de produção ocorre oxidação do asfalto. Fator
este que reduz a vida útil de nossas estradas e vias. A mistura quando não é
bem executada favorece a segregação do material, distorcendo o traço específico
do projeto. Problemas no sistema de filtragem dos gases podem causar danos
ambientais e o embargo de funcionamento da planta pelos órgãos fiscalizadores.
Algumas usinas mais antigas apresentam ainda o sistema de filtragem por via
úmida, que gera um lodo residual sem destinação posterior, resultando em um
passivo ambiental.
Atualmente há usinas de menor
capacidade de produção (até 50 ton/h) dotadas com tecnologia de ponta para que
haja qualidade no processo de produção do asfalto, desde a dosagem, secagem e
mistura dos insumos com controle total na filtragem dos gases.
Usina de Asfalto fabricada em 1986
com filtro via úmida e tanque de lodo residual, ainda em operação no
Centro-oeste.
VIBROACABADORAS DE ASFALTO
A vibroacabadora (ou pavimentadora)
de asfalto distribui a massa asfáltica, define a espessura e o nivelamento da
camada, aplica a primeira compactação através da mesa compactadora, que
incorpora mecanismos de aquecimento e pré-compactação.
Alguns fatores dificultam este
processo, considerando a necessidade de fazê-lo com rapidez para evitar o
resfriamento do material asfáltico. Uma enorme quantidade de vibroacabadoras
existente em nosso país é antiga, o que ocasiona falhas de funcionamento nos
sistemas de aquecimento e de compactação. Quando há problemas em relação à
temperatura o resultado é a solidificação prematura do asfalto por baixas
temperaturas. Isto faz com que haja a impossibilidade de compactação, o que
causará problemas futuros em função de vazios existentes que em períodos chuvosos
serão preenchidos com água. Com as forças oriundas pelo tráfego, é criada uma
força hidráulica ascendente que dá início ao surgimento de buracos, que
crescerão com o tempo. Sendo assim, questão de (pouco) tempo para que o pavimento seja destruído.
Se forem utilizadas máquinas
pavimentadoras com sistema de pré-compactação e aquecimento em condições
normais de funcionamento, teremos um asfalto aquecido e com certa compactação
inicial, em condições ideais para receber os rolos compactadores de asfalto.
Vibroacabadora fabricada em 1978 em
operação no interior do Rio Grande do Sul
ROLOS COMPACTADORES DE ASFALTO
Após a passagem da vibroacabadora, é
necessário atingir a compactação máxima da camada asfáltica. É fundamental a
utilização de rolos específicos para asfalto. Entretanto, se verifica no Brasil
uma população de rolos muito velhos e tecnologicamente obsoletos.
Os rolos para asfalto necessitam de
um sistema de espargimento de água para evitar a aderência da massa asfáltica
quente nos cilindros. Os equipamentos antigos muitas vezes não medem a
quantidade de água aplicada. Ao utilizar água em demasia, a capa asfáltica
sofre um resfriamento súbito prejudicial ao processo de compactação, surgindo
vazios dentro da camada que reduzem a vida útil do pavimento.
Em rolo de pneus, não há um controle
efetivo da pressão dos pneus. Dessa forma, os rolos passam com pressões
inadequadas, em excesso ou em baixa, não executando a sua função de selar,
vedar e dar o acabamento final adequado à camada asfáltica. Os rolos produzidos
atualmente possuem tanque para aditivos e sistema de aspersão para limpeza dos
pneus, evitando a figura do operário adicionando o produto manualmente durante
a operação, caminhando em frente e atrás do rolo em movimentação, o que já causou inúmeros acidentes fatais em obras.
Rolo de Pneus antigo executando a compactação
em obras viárias em Porto Alegre
É preocupante ver o dinheiro que
estamos aportando seja tão mal investido na infraestrutura viária do país.
Somos um dos povos que mais paga impostos no mundo e precisamos exigir que haja
retorno a altura. A carência em infraestrutura é um gargalo para o crescimento
do Brasil e a má qualidade do asfalto prejudica a qualidade de vida da
população nas cidades.
As autoridades executoras e
fiscalizadoras dos projetos rodoviários estão exigindo equipamentos apropriados
para a perfeita execução de obras de qualidade e vida útil de longa duração?
O corpo técnico de órgãos como DNIT,
ANTT, DAER (Estaduais) e secretarias de obras municipais conhecem os
equipamentos e os visitam para evitar os problemas citados?