Um problema crônico na pavimentação
brasileira é a falta de nivelamento. Tanto em rodovias quanto em vias urbanas é
comum a total falta de regularidade do asfalto. Isto devido ao desconhecimento
dos sistemas eletrônicos de nivelamento existentes, por falhas de execução ou
simplesmente por omissão.
O brasileiro se acostumou de tal
forma com a péssima qualidade do pavimento que, em uma palestra que fizemos
sobre Reciclagem de Asfalto, nos foi perguntado se existe algum sistema para
regularizar o asfalto durante a pavimentação. Sim, os sistemas eletrônicos de
nivelamento existem há décadas e são largamente utilizados em todo o mundo.
Podemos descrever o sistema de
nivelamento eletrônico de uma pavimentadora de asfalto como um mecanismo que
copia uma referência externa e transmite para a mesa compactadora executar o
asfaltamento com regularidade longitudinal e transversal. Mesmo que a máquina
esteja se locomovendo sobre um solo bastante irregular, a referência externa é
que vai determinar a regularidade da pavimentação.
Há duas referências a serem seguidas para
regularizar um pavimento: uma longitudinal e uma transversal. A referência
longitudinal segue o percurso de avanço da pavimentadora. A referência transversal
representa o nível em corte da via, que através de um simples sensor de
inclinação determina o caimento da nova camada. No entanto, precisa estar em
conjunto com uma referência longitudinal para que esta inclinação transversal
tenha regularidade com o avanço da execução da pavimentação.
Para a referência longitudinal, as
opções de sistemas eletrônicos de nivelamento são divididas basicamente em dois
grupos: por contato físico ou por sensor ultrassônico.
Contato físico:
o mais comum são os esquis. Um conjunto mecânico que desliza sobre o solo e
retransmite a mesa compactadora uma média compensada das irregularidades. Ou
seja, quanto maior for a área de contato junto ao solo, maior será a
compensação das irregularidades. Comercialmente, existem os esquis pequenos de
30 centímetros até os maiores com cerca de 6 metros.
Por contato físico, também há a opção
de instalar cabo tensionado junto a estacas. Um apalpador faz a leitura deste
cabo, que deve ser posicionado por uma equipe de topografia de maneira
tensionada, com suporte em estacas posicionadas preferencialmente de 5 em 5
metros, e com o correto nivelamento longitudinal.
Este sistema é indicado em obras como
aeroportos, onde é exigido altíssima precisão na regularidade do pavimento. É
sugerido também para locais onde não haja uma referência externa como uma faixa
de asfalto já existente ou calçadas.
Sensor ultrassônico: Há também a opção de um sistema sem contato físico, através de um sensor
ultrassônico. Com cinco feixes emissores, o sensor faz um cálculo da média da
regularidade do pavimento e a transmite para a mesa compactadora da
pavimentadora de asfalto.
Este tipo de sensor é bastante
prático em obras onde a camada de base é muito granular, impossibilitando um
esqui mecânico de deslizar. Por ter menor precisão que o sistema por contato, o
ideal é a colocação de um duplo sensor nestes casos.
Em obras de recuperação viária é uma
ótima opção também, pois o sensor copia a faixa já existente, seguindo a média
de regularidade desta camada.
Já para a referência transversal, que
determinará a inclinação da pista, esta é realizada através de um sensor
transversal Slope, que é posicionado
na parte central da máquina e protegido contra vibrações. O sistema de
nivelamento verifica a inclinação natural já existente, e através de um ajuste
nos valores podemos determinar o caimento em % (porcentagem) para o lado
direito ou lado esquerdo do equipamento. Por exemplo, mesmo que uma camada de
base tenha caimento natural para o lado direito enquanto o projeto determina
que a camada asfáltica tenha caimento para o lado esquerdo, o sistema de
nivelamento transversal corrige este fator durante a aplicação do asfalto.
No entanto, para que haja eficácia na
utilização do sensor transversal, é preciso que este esteja em combinação com
um sensor longitudinal. Mesmo que a inclinação seja corrigida, não haverá
regularidade se a pavimentadora estiver se locomovendo sobre um solo ondulado
sem realizar a correção longitudinal de avanço. A limitação do sensor de inclinação é de 6
metros de largura e aproximadamente 10% de caimento.